CONFLITOS E LOGOTERAPIA
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Se calar para manter a paz não traz paz de verdade
Quantas vezes você já engoliu o que sentia para evitar conflitos? Em nome da harmonia, silenciou vontades, engavetou sonhos e aceitou o que não queria. Mas o silêncio constante não é sinônimo de maturidade emocional — muitas vezes, é um grito abafado de dor interna. Neste artigo, vamos explorar por que se calar para manter a paz não gera verdadeira paz — apenas desconexão consigo mesmo.
Letícia Santana
22.abr.2025 | Tempo de leitura: 10 minutos
CONFLITOS E LOGOTERAPIA
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Se calar para manter a paz não traz paz de verdade
Quantas vezes você já engoliu o que sentia para evitar conflitos? Em nome da harmonia, silenciou vontades, engavetou sonhos e aceitou o que não queria. Mas o silêncio constante não é sinônimo de maturidade emocional — muitas vezes, é um grito abafado de dor interna. Neste artigo, vamos explorar por que se calar para manter a paz não gera verdadeira paz — apenas desconexão consigo mesmo.
Letícia Santana
22.abr.2025 | Tempo de leitura: 10 minutos
Neste artigo, vamos compreender por que se calar para manter a paz pode ser um dos caminhos mais silenciosos para o sofrimento emocional, como identificar esse padrão e como resgatar sua autonomia e seu sentido de vida.
“Entre o estímulo e a resposta há um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher nossa resposta. E, na nossa resposta, reside o nosso crescimento e a nossa liberdade.”
— Viktor Frankl
Vivemos em uma sociedade em que o conflito é malvisto. A busca pela “paz a qualquer custo” tem feito com que muitas pessoas optem por se calar em vez de se posicionar, engolindo suas vontades, suas dores e suas verdades. Mas o silêncio constante não é sinal de paz — é muitas vezes o berço da ansiedade, da tristeza e da sensação de vazio.
O que é essa “paz” que te pedem?
A chamada “paz” que muitos tentam manter não é paz verdadeira — é apenas ausência de atrito aparente. É como um lago aparentemente calmo que esconde correntes intensas no fundo. Essa paz, baseada na repressão emocional, é instável, frágil e extremamente desgastante.

Se calar para manter a paz, na verdade, pode estar alimentando uma relação tóxica, um ambiente de trabalho insalubre ou até mesmo um casamento que já não respeita quem você é. Silenciar-se o tempo todo, especialmente para agradar o outro ou evitar conflitos, é um modo de vida que pode gerar ressentimento, baixa autoestima, estresse crônico e adoecimento emocional.
O ser humano encontra sentido na vida ao assumir responsabilidade por suas escolhas e responder ao mundo com autenticidade, mesmo diante do sofrimento. Quando abrimos mão da nossa verdade interior para nos adaptar a contextos que exigem silêncio, estamos negando essa responsabilidade existencial.
Essa escolha — muitas vezes inconsciente — de “engolir sapos” continuamente, gera sintomas que aparecem com o tempo: sensação de insatisfação crônica, apatia, irritabilidade, ansiedade e até depressão.
Quantas pessoas vivem com a sensação de sufocamento emocional? Quantas relatam: “Não tenho do que reclamar, mas me sinto vazia(o)”?
Isso acontece porque a desconexão de si mesmo é um dos maiores fatores de sofrimento existencial. E essa desconexão começa no momento em que deixamos de nos expressar por medo de desagradar.
Muitas vezes, evitamos conversar ou dizer o que sentimos por medo de magoar, desagradar ou causar um desconforto momentâneo. Mas o preço disso é o acúmulo de emoções não expressas, que mais cedo ou mais tarde cobram seu espaço.
Evitar conflitos pode parecer uma boa ideia no curto prazo, mas no médio e longo prazo, desgasta relações, provoca distanciamentos e, principalmente, destrói sua conexão com você mesmo.
Relacionamentos saudáveis não são aqueles onde nunca há discussões — são aqueles onde há espaço para escuta, expressão e reconciliação. Onde você pode ser quem você é, com suas vontades, opiniões e sentimentos.
Quando nos calamos em situações em que deveríamos nos posicionar, estamos nos traindo. E essa traição silenciosa a nós mesmos tem um custo alto. A longo prazo, pode se manifestar como doenças psicossomáticas, insônia, crises de ansiedade, baixa autoestima e até burnout emocional.
Se calar para manter a paz também pode ensinar os outros que seus sentimentos não importam, o que perpetua ciclos de desrespeito, abuso emocional e invisibilidade.
Frankl nos lembra que é justamente no enfrentamento do sofrimento e da responsabilidade por nossa vida que encontramos sentido. Fugir do conflito não nos torna mais evoluídos — nos torna mais distantes de nós mesmos.

Como romper com esse padrão?
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- Reconheça o padrão: Perceba quantas vezes você se cala por medo de gerar conflito. Observe em quais relações isso acontece com mais frequência.
- Valide seus sentimentos: O que você sente importa. O desconforto emocional não deve ser ignorado. Ele é um sinal de que algo precisa de atenção.
- Aprenda a se expressar com assertividade: Falar não significa atacar. É possível dizer o que se sente com empatia, sem perder o respeito pelo outro — nem por você.
- Coloque limites saudáveis: Dizer “não” é um ato de amor-próprio. Quem te ama de verdade saberá lidar com isso.
- Busque apoio terapêutico: Em muitos casos, silenciar-se é um padrão aprendido desde a infância. A psicoterapia pode ajudar a ter uma nova perspectiva sobre esse comportamento e construir novos caminhos mais saudáveis.
A verdadeira paz não nasce da omissão, mas da coerência entre o que sentimos, pensamos e fazemos. Só há paz verdadeira quando há liberdade para existir com inteireza. Quando você se cala para evitar conflitos, você pode até manter a harmonia aparente com o outro, mas perde o vínculo mais importante de todos: o vínculo consigo mesmo.
A paz interior só é possível quando há espaço para verdade, expressão e autenticidade. Como dizia Frankl,
“A vida cobra de cada pessoa um sentido único, que deve ser realizado por ela, e só por ela.”
Não permita que o medo do confronto te impeça de viver uma vida com propósito e verdade.

Conheça a Santosclín
A Santosclín é a primeira clínica de Psicologia e Logoterapia do Vale do Paraíba, oferecendo um atendimento humanizado em psicoterapia e acessível para quem busca equilíbrio emocional, propósito de vida e autoconhecimento. Nossa missão é diminuir o índice de ansiedade e depressão da cidade em que atuamos, proporcionando um espaço acolhedor onde cada pessoa possa encontrar sentido para sua existência.
Na Santosclín, acreditamos que a transformação começa no interior de cada um. Se você busca um novo olhar sobre a vida, estamos aqui para caminhar com você!
Referências bibliográficas:
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- Frankl, Viktor E. Em busca de sentido: Um psicólogo no campo de concentração. Vozes, 2009.
- Frankl, Viktor E. A vontade de sentido: Fundamentos e aplicações da logoterapia. Vozes, 2019.
- Rosenberg, Marshall. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Ágora, 2006.
- Brown, Brené. A coragem de ser imperfeito. Sextante, 2015.
- Santos, Ana P. O silêncio que adoece: relações tóxicas e autossabotagem. Psicologia Atual, 2020.