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LOGOTERAPIA E FAMÍLIA

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Disciplina e Correção Moral: Um Caminho para a Restauração, Não para a Punição

Neste artigo vamos conversar sobre a intenção que há ao se  trabalhar a disciplina em alguém, pensando nela como um caminho para o ajuste da conduta de uma pessoa para atender a  um conjunto de regras éticas a fim de se  atingir um objetivo predefinido e fazer isso como meio de restauração e não como uma punição.

Letícia Santana

28.Jan.2025 | Tempo de leitura: 7 minutos

LOGOTERAPIA E FAMÍLIA

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Disciplina e Correção Moral: Um Caminho para a Restauração, Não para a Punição

Neste artigo vamos conversar sobre a intenção que há ao se  trabalhar a disciplina em alguém, pensando nela como um caminho para o ajuste da conduta de uma pessoa para atender a  um conjunto de regras éticas a fim de se  atingir um objetivo predefinido e fazer isso como meio de restauração e não como uma punição.

Letícia Santana

28.Jan.2025 | Tempo de leitura: 7 minutos

Quando tratamos sobre a disciplina usada na correção moral de alguém entramos em um tema permeado de opiniões distintas e conceitos diferentes que se alternam conforme a ótica do interlocutor. Aqui falaremos dela como uma oportunidade de ser útil ao crescimento de outra pessoa.

A palavra disciplina se originou a partir do latim “disciplina, ae”, que quer dizer “educação que um discípulo recebia de seu mestre” ou “obediência às regras e a seus superiores”.

Parafraseando um Teólogo e professor de Filosofia em uma exposição em que ele falou sobre a essência do período disciplinar na vida de uma pessoa, “A disciplina vem com o propósito de restaurar o que se foi perdido e não como punição para afastar a pessoa.” Rev. Diego Tescarollo.

Com esta interpretação e partindo deste olhar de que a disciplina vem como uma ação divina e também humana para restabelecer um relacionamento, podemos pensar no quanto o homem foi moldado a olhar para este assunto com medo e pessimismo quanto a esta aplicação na vida.

Quando olhamos o que Frankl traz sobre o sofrimento, com a proposta de encontrar no sofrimento uma oportunidade para crescimento, uma oportunidade de autotranscender, e que essa oportunidade só surgiu por causa daquele sofrimento, naquele momento, logo podemos refletir sobre como a disciplina pode ser aplicada.

A disciplina corretiva pode ser um olhar otimista sobre uma situação pessimista.

Aquela situação que causou sofrimento e precisa que haja a disciplina corretiva em seus autores quando vista como potencial de transformação muda a forma como direcionamos o curso daquela situação a fim de resolver o conflito causado por ela e não simplesmente em atacar a pessoa que está envolvida na situação e despejar sobre ela a nossa frustração ou vingança.

Quando um filho – uma criança ou um adolescente – é indisciplinado com as regras familiares e toma uma decisão diferente da proposta por seus pais ao invés de atacar de forma violenta e improdutiva aquela ação pode-se propor usá-la como meio de transformação.

Sabe-se, por meio da Neurociência, que até certo grau de maturidade o desenvolvimento psíquico da criança ou adolescente está testando como viver neste mundo, quais são seus limites e, dentro desta perspectiva, há no indisciplinado a necessidade de que seus tutores intervenham e ali ajam trazendo conhecimento e condução da melhor forma de responder àquela situação.

Assim como um cônjuge que por amor, age com intuito de restaurar ao admoestar ao outro. Essa admoestação é uma disciplina corretiva, que conduz o outro a crescer e agir de forma mais adequada às situações.

Não há aqui a ligação de disciplina com violência e ressalto que a disciplina corretiva com base na admoestação entre um casal não é igual a disciplina de um pai para com seu filho. Cada relação precisa de uma ação específica para ela.

Dito isso, levanta-se uma grande questão, quão preparados estamos para lidar com situações fora do nosso controle e expectativa? Quão fora de nós mesmos e longe do olhar de que tudo tem que corresponder às nossas expectativas nós estamos? Não podemos esquecer que há um limite, existe o certo e o errado, o que é aceito ou não moralmente como resposta a uma situação, mas dentro disso, como lidamos? Como encaramos que estamos atrás é de restauração e não de punição, ou será que na verdade buscamos a vingança?

A autoreflexão aqui é; Quanto em nós está preparado para se doar, a ponto de sobrepor a oportunidade de servir ao outro (ensinando, orientando e caminhando junto) a nossa necessidade de expressar nossa frustração ou decepção.

Quando entendemos o que Frankl traz sobre o conceito de autotranscendência, do serviço ao próximo, e o quanto viver isso trás vida, renovo e subsídio para enfrentá – la, reforçamos a perspectiva sobre como aplicar a disciplina corretiva – com base na admoestação- em nossas vidas e para com os que vivem conosco.

Dar sentido ao novo, a nova oportunidade de se relacionar, de ensinar e de aprender é a chave para conseguir olhar a disciplina corretiva como uma oportunidade de restauração e não como uma vingança.

Quando lidamos com o outro muito se fala sobre nós. O quanto você tem dito sobre você?

Referências Bibliográficas

  • CIBERDÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA. A origem das palavras conselho e disciplina. Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt. Acesso em: 1 fev. 2025.
  • ARLETE, Profa. [Título do artigo não informado]. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br. Acesso em: 1 fev. 2025.
  • PSICO.ONLINE. Disciplina não é sobre a perfeição. Disponível em: https://psico.online. Acesso em: 1 fev. 2025.
  • FRANKL, Viktor Emil. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 42. ed. Petrópolis: Vozes, 2020.

    FRANKL, Viktor Emil. Psicoterapia e sentido da vida. 4. ed. São Paulo: Quadrante, 2017.

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