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LOGOTERAPIA

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Introdução à Logoterapia: A Busca pelo Sentido da Vida Segundo Viktor Frankl

Viktor Emil Frankl, um psiquiatra austríaco, foi o iniciador da Logoterapia, uma escola de psicologia com uma abordagem fenomenológica, existencial e humanista, que também é conhecida como Psicoterapia do Sentido da Vida ou ainda Terceira Escola Vienense de Psicoterapia.

William Nascimento

16.Jan.2025 | Tempo de leitura: 5 minutos

LOGOTERAPIA

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Introdução à Logoterapia: A Busca pelo Sentido da Vida Segundo Viktor Frankl

Viktor Emil Frankl, um psiquiatra austríaco, foi o iniciador da Logoterapia, uma escola de psicologia com uma abordagem fenomenológica, existencial e humanista, que também é conhecida como Psicoterapia do Sentido da Vida ou ainda Terceira Escola Vienense de Psicoterapia.

William Nascimento

16.Jan.2025 | Tempo de leitura: 5 minutos

A sua teoria foi desenvolvida a partir de suas experiências extremas como prisioneiro em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Esses eventos forneceram-lhe uma observação de que, mesmo naquelas condições extremas, um certo número de pessoas eram capazes de manter a capacidade de encontrar propósito em suas vidas, o que de acordo com Frankl teria sido fundamental para a sua sobrevivência. Esta vivência foi a base de sua obra mais importante, Em busca de Sentido, em que ele expõe os fundamentos de sua abordagem psicoterapêutica (Frankl, 2006). 

No final da década de 1920, Oswald Schwarz escreveu no prefácio de um livro de Frankl que as ideias principais que levaram à criação da Logoterapia representariam uma contribuição à psicoterapia tal qual a Crítica da Razão Pura representava na filosofia. Diferentemente das outras correntes psicológicas, a Logoterapia não vê o ser humano na busca do prazer ou do poder, mas na busca pelo significado e pelo propósito da vida (Schwarz, 1928).

Logoterapia e Crítica ao Psicologismo

A Logoterapia de Frankl se distingue das demais abordagens psicológicas pelo fato de apresentar o sentido da vida como a motivação primária. Diferentemente de Freud e Adler que tiveram em conta a sexualidade e o prazer ou o poder e o domínio, respectivamente, como principais forças motivadoras, Frankl sustenta que essas perspectivas são insuficientes porque não consideram a necessidade humana de ter um significado que transcenda de uma satisfação de imediata e pura busca por prazer ou de simples satisfação imediatamente.

Frankl também critica o psicologismo, que tende a reduzir o ser humano como um conjunto de necessidades biológicas e/ou psicossociais. Para Frankl, estas visões ignoram a capacidade do ser humano de transcender as circunstâncias e encontrar significado, em si, independentemente das circunstâncias externas. Enquanto Freud e Adler apresentaram a motivação humana como um movimento em direção a um equilíbrio interno ou a redução das tensões, Frankl retratou a busca do sentido como um movimento essencial, no qual o ser humano ou se conecta com algo ou alguém fora de si mesmo (Frankl, 2006).

Para Frankl, o ser humano não é definido apenas por suas necessidades, mas pela sua capacidade de superá-las pela realização de uma causa ou amor pelo próximo. Esta autotranscendência é a fonte real do significado da existência humana. O indivíduo atinge sua realização plena quando se expõe a uma tarefa significativa ou ao amor de outra pessoa, apontando para uma dimensão da vida que é de outra natureza que a dinâmica do próprio indivíduo e suas demandas pessoais (Frankl, 2018). 

Vikor Emil Frankl, psiquiatra austríaco sobrevivente do holocausto.

A Natureza do Sentido e a Crítica ao Princípio do Prazer

O conceito de que o prazer é a objetividade da vida humana é contestado por Frankl. Caso o prazer fosse o sentido da vida, o existir de si mesmo a tornaria sem valor. Caso o valor individual da vida fosse apenas o prazer; não importaria o que quiséssemos fazer, já que o prazer seria o mesmo, fosse qual fosse a ação, proveito ou valor da ação. Como bem nota Frankl, o prazer ao qual a concentração do homem tem por base a psicologia freudiana tende a igualar, indistintamente, todos os fins humanos, por isso, não podendo mais precisar uma direção, como tarefa ou limite no alcançar do sentido da vida.  (Frankl, 2006).

Frankl critica a tese do prazer ser a motivação principal, colocando que a necessidade de sentido não diz respeito a uma necessidade homeostática de satisfazer tensões ou aproveitar prazer, mas o sentido é constitutivo, é um dado objetivo do mundo e não do sujeito que o experimenta. O sentido não pode ser fabricado ou produzido pelo homem; tem de ser descoberto ou desvelado à luz da realidade externa. Para Frankl, isto significa que a vida não se conforma automaticamente a um equilíbrio interno; longe de ser assim, ela é uma busca que não cessa de um sentido transeundo, que não reduza o limitado egoísmo e autocontentamento.

A Busca pelo Sentido Fundamental para a Existência do Homem

A Logoterapia constitui uma proposta singular na psicoterapia, uma vez que afirma que a verdadeira motivação do homem não se encontra no prazer ou na dominância sobre os outros, mas na constante busca pelo sentido e pelo propósito. Viktor Frankl, ao desenvolver a sua teoria, propõe uma nova forma de compreender o homem, não reduzindo-o às suas necessidades biológicas ou psicológicas, mas reconhecendo-o como um ser capaz de superar o imediato e de encontrar sentido para a sua vida, mesmo em meio às dificuldades que encontra pelo caminho.

 A crítica que Frankl dirige ao psicologismo e ao conceito homeostático das psicologias clássicas tem uma implicação para a compreensão da motivação humana, uma vez que sugere que o sentido da vida vai além das limitações do prazer e da auto-satisfação. A Logoterapia permanece, assim, uma importante contribuição à psicologia do tempo presente, apresentando uma concepção humanista e existencial do homem.

Referências Bibliográficas

  • Frankl, V. E. (2006). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Editora Vozes.

  • Frankl, V. E. (2018). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da logoterapia. Edição Vozes.

  • Schwarz, O. (1928). Prefácio ao livro de Frankl.

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