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LOGOTERAPIA E RELIGIÃO

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O sentido da morte: um chamado para a vida

A morte é uma certeza inescapável da condição humana. Embora muitas vezes tentemos evitá-la em nossos pensamentos cotidianos, refletir sobre sua inevitabilidade é essencial para vivermos uma vida mais plena e significativa. Como afirmou Viktor Frankl, “a morte é o que dá sentido à vida”.

Mas por quê? Como a finitude pode nos ajudar a moldar nosso caminho e compreender o que realmente importa? Neste artigo, exploraremos essa reflexão à luz da Logoterapia e de práticas meditativas que nos conectam ao verdadeiro chamado da existência.

Harisson Santos

02.Nov.2024 | Tempo de leitura: 7 minutos

LOGOTERAPIA E RELIGIÃO

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O sentido da morte: um chamado para a vida

A morte é uma certeza inescapável da condição humana. Embora muitas vezes tentemos evitá-la em nossos pensamentos cotidianos, refletir sobre sua inevitabilidade é essencial para vivermos uma vida mais plena e significativa. Como afirmou Viktor Frankl, “a morte é o que dá sentido à vida”.

Mas por quê? Como a finitude pode nos ajudar a moldar nosso caminho e compreender o que realmente importa? Neste artigo, exploraremos essa reflexão à luz da Logoterapia e de práticas meditativas que nos conectam ao verdadeiro chamado da existência.

Harisson Santos

02.Nov.2024 | Tempo de leitura: 7 minutos

Imagine que sua personalidade é como uma argila. Durante a vida, somos continuamente moldados pela água das experiências e escolhas. Quando essa água é retirada, a argila endurece, fixando-se na forma que lhe foi dada. Assim também é com a vida: o que construímos nela é o que permanecerá quando nosso tempo se encerrar.

É crucial refletir: o que você está fazendo com o tempo que lhe foi dado? Essa questão ressoa em momentos profundos, como no seriado Peaky Blinders, quando Tom Shelby, ao ser poupado da morte, é confrontado pela pergunta de sua tia: “O que você está fazendo com o tempo a mais que lhe foi concedido?”.

Talvez esta pergunta seja uma das mais importantes para cada um de nós: estamos utilizando nosso tempo para construir algo que realmente importe? Ou estamos perdendo-o com vaidades e preocupações superficiais?

São Jerônimo, doutor da igreja católica

Os santos como São Jerônimo e São João da Cruz mantinham uma caveira em suas escrivaninhas como lembrança constante da morte. Essa prática, conhecida como memento mori (“lembre-se de que você vai morrer”), servia para lembrar-lhes que a vida terrena é passageira e que o que realmente importa é o legado deixado.

Santa Afonso Maria de Ligório também aborda esse tema em seu livro Preparação para a Morte. Ele nos lembra que, no fim, os bens materiais não têm valor: “as roupas que vestimos se tornarão alimento para os vermes”. Isso nos desafia a refletir sobre como estamos usando nossos recursos e talentos. Estamos investindo em algo que transcende nossa própria existência? Ou estamos apegados ao efêmera?

Uma prática valiosa para nos reconectar com o que realmente importa é o exercício do necrológio. Consiste em imaginar seu próprio funeral: quem estaria presente? O que diriam sobre você? Qual seria o legado que você deixou para aqueles ao seu redor?

Escreva em terceira pessoa o discurso que gostaria que fosse dito sobre sua vida. Por exemplo: “Harisson morreu aos 80 anos. Ele foi um excelente psicólogo, um pai dedicado, um amigo leal, e ajudou centenas de pessoas a encontrarem sentido em suas vidas.” Esse exercício é mais do que um simples devaneio; é uma forma de conscientizar-se sobre o que você é hoje e sobre quem deseja ser no futuro.

Ao fazer isso, você confronta diretamente suas escolhas e objetivos, questionando-se: “O que preciso conquistar antes de minha morte? E por quê?” Não se trata apenas de acumular bens ou realizações materiais, mas de construir um legado que impacte positivamente a vida de outros.

Olavo de Carvalho, filósofo brasileiro

Viktor Frankl, em sua obra Em Busca de Sentido, destaca que o sofrimento surge quando a vida carece de propósito. Encontrar sentido é essencial para viver com plenitude. Mas como identificar esse sentido? Uma forma é observar nossas inclinações naturais, tanto boas quanto ruins. Muitas vezes, talentos mal direcionados podem ser redescobertos e usados para propósitos maiores.

Por exemplo, uma pessoa com habilidade de comunicação pode usá-la para inspirar e educar, em vez de propagar críticas destrutivas. Identificar esses talentos e alinhá-los com algo maior nos ajuda a direcionar nossa vida para um caminho significativo.

A morte não é apenas o fim; é um lembrete constante de que nossa vida tem prazo. Esse lembrete nos convoca a viver com intenção, a transformar cada dia em uma oportunidade de criar algo significativo e duradouro.

Portanto, reserve um momento para refletir sobre sua própria vida. Pergunte-se: estou vivendo de forma que meu legado refletirá o que realmente importa para mim? Se não, o que posso mudar a partir de agora?

Convido você a realizar o exercício do necrológio e a compartilhar sua experiência. O que você descobriu sobre si mesmo? Como isso impactou sua visão de futuro? Vamos construir juntos vidas mais plenas e cheias de significado.

O Sentido da Morte: Reflexões profundas de Viktor Frankl e Santos Católicos

Referências

  • Frankl, V. E. (2008). Em busca de sentido. Editora Vozes.

  • Ligório, A. M. (2019). Preparação para a morte. Editora Cultor de Livros.

  • Peaky Blinders. (2013–2022). BBC Studios.

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