Avançar para o conteúdo

Santosclín

PSICOLOGIA E RELIGÃO

_

Psicologia e Religião: Duas faces de uma mesma verdade

A discussão sobre o que significa ser humano tem atravessado séculos e sido abordada por diferentes disciplinas, da filosofia à religião e da psicologia à ciência. Sigmund Freud, pai da psicanálise, certa vez afirmou que “a espécie mais grave de neurótico é o santo”. Em contraste, o psicólogo católico Rudolf Allers declarou que “só o santo está livre da neurose”.

Essas visões paradoxais abrem caminho para uma reflexão mais profunda: como a psicologia e a religião dialogam para entender o ser humano em sua totalidade? Neste artigo, exploraremos conceitos fundamentais de ambas as áreas e como se complementam na busca pelo sentido da existência.

Harisson Santos

28.Set.2023 | Tempo de leitura: 7 minutos

LOGOTERAPIA E PSICANÁLISE

_

Psicologia e Religião: Duas faces de uma mesma verdade

A discussão sobre o que significa ser humano tem atravessado séculos e sido abordada por diferentes disciplinas, da filosofia à religião e da psicologia à ciência. Sigmund Freud, pai da psicanálise, certa vez afirmou que “a espécie mais grave de neurótico é o santo”. Em contraste, o psicólogo católico Rudolf Allers declarou que “só o santo está livre da neurose”.

Essas visões paradoxais abrem caminho para uma reflexão mais profunda: como a psicologia e a religião dialogam para entender o ser humano em sua totalidade? Neste artigo, exploraremos conceitos fundamentais de ambas as áreas e como se complementam na busca pelo sentido da existência.

Harisson Santos

28.Set.2023 | Tempo de leitura: 7 minutos

A palavra “psicologia” deriva do grego: psique, que significa “alma” ou “vida”, e logos, que significa “sentido” ou “verbo”. Assim, psicologia pode ser compreendida como a descrição da vida ou, em um sentido mais amplo, a busca pelo sentido da vida.

Por outro lado, a religião, do latim religare, significa “religar”. Trata-se do elo que reconecta o ser humano ao sentido último da existência: Deus. Nesse contexto, psicologia e religião não se excluem, mas se complementam, oferecendo uma visão holística sobre quem somos.

Quatro Conceitos Fundamentais

Para entender melhor essa integração, é essencial conhecer quatro conceitos fundamentais da psicologia: psique, ego, consciência e intuição.

Psique

A psique é a substância essencial do ser humano, imutável e intrinsecamente boa. Analogamente, o frio é a ausência de calor, e o mal é a ausência do bem. Da mesma forma, a psique não é alterada, mesmo que o ego narre histórias que tentem distorcê-la.

Ego

O ego é a história que narramos para nossa própria psique. Essa narrativa pode ser verdadeira, falsa ou incompleta. Por exemplo, um trauma é uma história mal contada ou distorcida sobre nossa experiência. Compreender o ego é essencial para reescrever nossas histórias e nos reconectar com nossa essência.

Consciência

A consciência surge da tensão entre ego e psique. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, é o “núcleo mais secreto e sacrário do homem”, onde ele se encontra a sós com Deus. É o lugar onde ouvimos a verdade interior que nos guia para além das distorções do ego.

Intuição

A intuição é o “olhar para dentro”, uma voz interior que nos conduz às respostas que buscamos. Ela é fruto de nossa consciência e nos conecta à realidade e às verdades mais sublimes.

Vikor Emil Frankl, psiquiatra austríaco sobrevivente do holocausto.

Viktor Frankl, fundador da Logoterapia, destacou que o ser humano é o único capaz de decidir entre “descer ao nível dos animais ou se elevar ao nível de um santo”. Essa elevação não é meramente uma escolha moral, mas uma resposta às adversidades da vida.

A espiritualidade desempenha um papel central aqui. Segundo o Salmo 8, “o homem foi criado quase igual aos anjos”. Assim como o peixe precisa do mar para viver, o ser humano encontra sua plenitude apenas no Criador. Essa relação é evidenciada pela busca constante de sentido e pela necessidade de pertencer a algo maior.

Embora a psicologia analise os processos internos e relacione o ego à psique, a religião oferece o sentido último, apontando para Deus como causa primeira e fim último. Ambas são ferramentas poderosas para ajudar o ser humano a compreender sua condição de finitude e, ao mesmo tempo, sua capacidade de transcender.

A integração desses saberes permite uma compreensão mais profunda da natureza humana, onde a cura não é apenas psicológica, mas também espiritual. Afinal, ser “santo” significa ser curado de todas as dores materiais, permanecendo em pé, mesmo diante das adversidade

Referências Bibliográficas

  • Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 1776.

  • Frankl, V. E. (1984). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Vozes.

  • Aristóteles. Metafísica. Várias edições.

  • Freud, S. (1917). Luto e melancolia. In: Obras Completas. Companhia das Letras.

  • Allers, R. (1933). A filosofia da vida interior. Loyola.

Veja artigos recentes